A minha gata morreu.
Fui eu que dei a ordem: "Vamos deixar que parta".
É a segunda vez que digo esta frase na vida em idênticas circunstâncias.
Este sentimento que às vezes também sentimos pelos Humanos.
Se eu tivesse mais um dia!?
Sobreviveria?
É uma decisão solitária.
A morte deve ser o ato mais solitário pelo qual passamos na vida.
Como dizem: "Há duas coisas que nunca devemos olhar de frente, o sol e a morte"
Eu olhei-a de frente.
Vi-a no olhar da minha gata assim como a vi várias vezes no Hospital.
Afinal sobreviveu-te por uns anos.
Que ganho com isso?
terça-feira, 14 de julho de 2020
quarta-feira, 10 de junho de 2020
LAY OFF
O meu Administrador demitiu-se.
Ainda tentei que fosse para tele-trabalho. Recusou.
Agora não posso atualizar nada. A minha vida tornou-se aleatória.
Não sei o que é a treta do Interface.
Estou à mercê das atualizações que quiserem fazer
neste blog de merda que tenho.
Também não vou arranjar outro administrador.
Este que viva para toda a eternidade com um Post de EX-ADMISTRADOR, que escolheu.
Quanto a mim, já tenho a minha dose para a eternidade.
Vou ter que viver em confinamento nesta relação para sempre.
Ficará para sempre responsável pelo fim de uma carreira promissora de Blogger.
Ainda tentei que fosse para tele-trabalho. Recusou.
Agora não posso atualizar nada. A minha vida tornou-se aleatória.
Não sei o que é a treta do Interface.
Estou à mercê das atualizações que quiserem fazer
neste blog de merda que tenho.
Também não vou arranjar outro administrador.
Este que viva para toda a eternidade com um Post de EX-ADMISTRADOR, que escolheu.
Quanto a mim, já tenho a minha dose para a eternidade.
Vou ter que viver em confinamento nesta relação para sempre.
Ficará para sempre responsável pelo fim de uma carreira promissora de Blogger.
quinta-feira, 21 de maio de 2020
domingo, 17 de maio de 2020
Nem todas as maleitas se tratam com antibióticos
"A Caixa de Pandora é um objeto
extraordinário que faz parte da mitologia grega.
Trata-se de
uma caixa onde os deuses colocaram todas as desgraças do mundo, entre as quais a
guerra, a discórdia, as doenças do corpo e da alma. Contudo, nela havia um
único dom: a esperança.O mito da Caixa de Pandora explica a criação da mulher, suas qualidades e suas fraquezas, tal como todos os males existentes no mundo.
Desde sua origem, o mito tem um caracter social. Neste caso, a Caixa de Pandora passou a representar a maldade que pode vir dela, a desobediência e a curiosidade que prejudica o ser humano.
Com o auxílio de todos os deuses, Zeus encarregou Hefesto, deus do fogo e dos metais, e Atena, deusa da justiça e da sabedoria, de criar Pandora. Essa seria a primeira mulher a viver com os homens na Terra.Ads loaded.
Ad event: loadedAd event: startAd event: firstQuartileAd event: midpointPandora recebeu qualidades como graça, beleza, inteligência, paciência, meiguice, habilidade na dança e nos trabalhos manuais.
Antes de ser enviada à Terra, Zeus entregou-lhe uma caixa com a recomendação de que a mesma não deveria ser aberta.
Essa caixa continha todas as desgraças do mundo: a guerra, a discórdia, o ódio, a inveja, as doenças do corpo e da alma, como também a esperança.
Pandora não conseguiu resistir a curiosidade e,abrindo a caixa, libertou todos os males. Arrependida, tornou a fechar, mantendo presa a esperança".
Tenho vindo a refletir sobre a minha relação com um dos meus médicos a quem raramente recorro, porque à parte do cancro e de um ou outro problema no âmbito da saúde mental, pode-se dizer que sou uma criatura saudável.
Acontece que à vezes, não sei porque razão, tenho umas dores fantasma que não sei explicar.
Seria indelicado da minha parte pôr-me a contar exaustivamente as minhas consultas sob o ponto de vista Clínico.Só vou falar em duas consultas.Uma em que o médico (????????????????) chorou toda a consulta.
Choramos juntos.
Estávamos tão doentes!
Inexplicável.
Na minha última "consulta" aconteceu a mesma coisa.
No fim da consulta disse:
"Sabe, quando as pessoas vêm ao meu consultório pela primeira vez eu faço para mim um resumo sobre o que achei.
Os médicos aqui da clínica têm todos acesso à informação
Quer saber o que disse de si?
Caixa de Pandora Avariada
terça-feira, 12 de maio de 2020
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Vidas!
Tanto que ouvimos dizer que voltaremos sempre para vivermos tantas vidas, quanto aquelas necessários para atingir a perfeição.
NIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANA
Hoje questiono-me se não será verdade que isto acontece numa só vida.
Pensava-me no antes e no depois de ter saído de África.
Chegava a pensar que estava a sonhar. E se tudo fosse um sonho?
Não. Era a Vida 1!
Pensava-me também no antes e depois do cancro. Sentia-me entediada quando persistiam em falar de coisas que se tinham passado na vida 1.
Afinal eu já estava na Vida 2.
Nascera por volta dessa época.
Como acontecia "antigamente", nascera ontem mas só estava a ser registada uns anos depois.
Bipolar?
Justifica alguma coisas.
E o caminho se ia fazendo em busca da Mestria e da Sabedoria.
NIRVANA
Julga-se Deus? Perguntaram-me um dia.
Deus não, mas espero estar sentada bem junto a DEUS PAI.
Diria que é o grande de selo que marca este tempo.
Já se sentia qualquer coisa a vir aí.
Havia um Prenúncio de Morte.
Morte sob a forma de Renascimento e Ressurreição.
É tempo de Páscoa.
Nascia a Vida 3
NIRVANA NUMA SÓ VIDA?
PERMITIR!
NIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANANIRVANA
Hoje questiono-me se não será verdade que isto acontece numa só vida.
Pensava-me no antes e no depois de ter saído de África.
Chegava a pensar que estava a sonhar. E se tudo fosse um sonho?
Não. Era a Vida 1!
Pensava-me também no antes e depois do cancro. Sentia-me entediada quando persistiam em falar de coisas que se tinham passado na vida 1.
Afinal eu já estava na Vida 2.
Nascera por volta dessa época.
Como acontecia "antigamente", nascera ontem mas só estava a ser registada uns anos depois.
Bipolar?
Justifica alguma coisas.
E o caminho se ia fazendo em busca da Mestria e da Sabedoria.
NIRVANA
Julga-se Deus? Perguntaram-me um dia.
Deus não, mas espero estar sentada bem junto a DEUS PAI.
Diria que é o grande de selo que marca este tempo.
Já se sentia qualquer coisa a vir aí.
Havia um Prenúncio de Morte.
Morte sob a forma de Renascimento e Ressurreição.
É tempo de Páscoa.
Nascia a Vida 3
NIRVANA NUMA SÓ VIDA?
PERMITIR!
sábado, 14 de março de 2020
Cisnes Negros
" os cisnes negros nas baixas probabilidades da economia".... E nos pormenores inevitáveis da vida.
Penso nisto.
O que me mete mais medo é faltar-me o tempo, de me tirarem o tempo de ter estado mais tempo com algumas pessoas.
Como diria a Sophia de Mello Breyner:
Se tanto me dói que as coisas passem, porque cada instante em mim foi vivo, na busca de um bem definitivo em que as coisas do Amor se eternizassem.
Penso nisto
domingo, 1 de março de 2020
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
O espírito dos Natais passados
Tenho medo do Natal.ONDE
Não é do dia de Natal, nem do Natal em si.
Tenho medo daquilo em que as pessoas se podem tornar nestes dias.
Era pequenina e dormia.
Adolescente, calcorreava ruas sem fim.
Na altura abençoava a liberdade.
Mentirosa liberdade. QUANDO
Eram escuras as ruas e longas as noites.
É verdade.CANCELADO
Vivi muitos Natais a espreitar os Natais dos outros.
Foram Natais com o meu amigo Peter Pan. NUNCA
Queria uma família que me desse um Natal.
Sofria sempre.ANULADO
Nasciam sempre os fantasmas dos Natais passados.
Tentei ser eu a "produzir" as minhas próprias festas.
Pintei-as, sonhei-as, implorei, mas era sempre o Natal dos outros.
Deve ser por isso que continuo a desenhar a minha grande mandala.
É para afastar os monstrinhos em que se tornam os outros.
Estou com medo outra vez.ESQUECIDO
Não é do dia de Natal, nem do Natal em si.
Tenho medo daquilo em que as pessoas se podem tornar nestes dias.
Era pequenina e dormia.
Adolescente, calcorreava ruas sem fim.
Na altura abençoava a liberdade.
Mentirosa liberdade. QUANDO
Eram escuras as ruas e longas as noites.
É verdade.CANCELADO
Vivi muitos Natais a espreitar os Natais dos outros.
Foram Natais com o meu amigo Peter Pan. NUNCA
Queria uma família que me desse um Natal.
Sofria sempre.ANULADO
Nasciam sempre os fantasmas dos Natais passados.
Tentei ser eu a "produzir" as minhas próprias festas.
Pintei-as, sonhei-as, implorei, mas era sempre o Natal dos outros.
Deve ser por isso que continuo a desenhar a minha grande mandala.
É para afastar os monstrinhos em que se tornam os outros.
Estou com medo outra vez.ESQUECIDO
domingo, 3 de novembro de 2019
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
As cores dos outros
Há textos que me chegam sem eu bem saber porquê.
A minha espécie de Blog é uma maravilha.
Ninguém o lê por isso posso escrever os maiores disparates e cometer os maiores erros ortográficos ou gramaticais.
Nem acordo nem desacordo.
É a minha Feira Popular ou um Parque de Diversões.
Hoje chegou-me um texto que me daria muito prazer partilhar mas achei que não podia fazer.
Tenho uma admiração e um querer profundo pela pessoa que o escreveu.
Gostava que soubesse que o li para que percebesse como gostei do Texto.
Quando o comecei a ler foi como se eu própria o conseguisse o escrever até ao fim.
Esta Feira Popular também tem um Túnel Escuro de onde saem barulhos e esqueletos.
Gostava que soubesse que o li mas não me deixa.
Já não gosta de mim.
Já não quer nem saber que eu existo, que me mexo ou respiro.
Haverá uma Mandala feita por mim e colorida da cor dos outros.
Pintarei outra toda de Azul.
Há textos que também lhe podem chegar.
A minha espécie de Blog é uma maravilha.
Ninguém o lê por isso posso escrever os maiores disparates e cometer os maiores erros ortográficos ou gramaticais.
Nem acordo nem desacordo.
É a minha Feira Popular ou um Parque de Diversões.
Hoje chegou-me um texto que me daria muito prazer partilhar mas achei que não podia fazer.
Tenho uma admiração e um querer profundo pela pessoa que o escreveu.
Gostava que soubesse que o li para que percebesse como gostei do Texto.
Quando o comecei a ler foi como se eu própria o conseguisse o escrever até ao fim.
Esta Feira Popular também tem um Túnel Escuro de onde saem barulhos e esqueletos.
Gostava que soubesse que o li mas não me deixa.
Já não gosta de mim.
Já não quer nem saber que eu existo, que me mexo ou respiro.
Haverá uma Mandala feita por mim e colorida da cor dos outros.
Pintarei outra toda de Azul.
Há textos que também lhe podem chegar.
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
Centopeia venenosa
Tinha eu nove anos vivia em África e os meu pais decidiram, que nas férias grandes iríamos para Londres passar quinze dias.
Como era prática corrente naquela altura na família eu, a minha irmã e a minha mãe, partiríamos uma semana antes do meu pai.
Ficamos num Hotel que tinha uma sapataria na esquina imediatamente antes entrada do dito Hotel.
O ser imediatamente antes tem importância para salientar que se contássemos o número de vezes em que entrávamos e saíamos do Hotel era o mesmo número de vezes que passávamos na montra da dita sapataria.
Logo à chegada os meus lindos olhos azuis brilharam de paixão.
A partir daí foram choros, humilhações, pedidos e horas passadas a sonhar, que o meu pai quando chegasse a primeira coisa que iria fazer seria comprar-me os sapatos às cores.
O meu pai chegou e juntou-se ao grupo dos "Não compradores de sapatos às cores" da minha família.
Como estão a perceber o outro grupo era só eu.
Até hoje não percebo porque é que não me compraram os sapatos.
Até hoje mantenho a mesma leitura: Não estavam sequer interessados.
Entretanto passaram cinquenta anos.
No principio deste verão, passei por uma sapataria onde vi a brilhar na montra as sandálias sem as quais, achava eu, não sobreviveria à dita estação.
TODOS os meus vestidos só poderiam ser usados com aquelas sandálias.
Saldos? AQUELAS sandálias nunca iriam para saldos.
Aquela sapataria jamais poria as sandálias de cristal na montra.
Os meses foram passando e cada vez que passava na dita montra já não havia choros, nem humilhações, nem a chegada do pai.
Deixei passar o verão, as sandálias nunca foram para saldos e ninguém mas ofereceu.
Desta vez gozei cada dia que por lá passei.
O filme era o mesmo. Os atores do alto da sua grande sabedoria passaram o verão a perguntar com ar jocoso: Já estão em saldos?
Eu nem respondia..
Um belo dia apanhando-me sozinha, entrei na sapataria e comprei as ditas sandálias.
Passearam os meus vestidos e com elas voei por todo o lado.
Nunca deram por isso: Não estavam interessados.
Como era prática corrente naquela altura na família eu, a minha irmã e a minha mãe, partiríamos uma semana antes do meu pai.
Ficamos num Hotel que tinha uma sapataria na esquina imediatamente antes entrada do dito Hotel.
O ser imediatamente antes tem importância para salientar que se contássemos o número de vezes em que entrávamos e saíamos do Hotel era o mesmo número de vezes que passávamos na montra da dita sapataria.
Logo à chegada os meus lindos olhos azuis brilharam de paixão.
A partir daí foram choros, humilhações, pedidos e horas passadas a sonhar, que o meu pai quando chegasse a primeira coisa que iria fazer seria comprar-me os sapatos às cores.
O meu pai chegou e juntou-se ao grupo dos "Não compradores de sapatos às cores" da minha família.
Como estão a perceber o outro grupo era só eu.
Até hoje não percebo porque é que não me compraram os sapatos.
Até hoje mantenho a mesma leitura: Não estavam sequer interessados.
Entretanto passaram cinquenta anos.
No principio deste verão, passei por uma sapataria onde vi a brilhar na montra as sandálias sem as quais, achava eu, não sobreviveria à dita estação.
TODOS os meus vestidos só poderiam ser usados com aquelas sandálias.
Saldos? AQUELAS sandálias nunca iriam para saldos.
Aquela sapataria jamais poria as sandálias de cristal na montra.
Os meses foram passando e cada vez que passava na dita montra já não havia choros, nem humilhações, nem a chegada do pai.
Deixei passar o verão, as sandálias nunca foram para saldos e ninguém mas ofereceu.
Desta vez gozei cada dia que por lá passei.
O filme era o mesmo. Os atores do alto da sua grande sabedoria passaram o verão a perguntar com ar jocoso: Já estão em saldos?
Eu nem respondia..
Um belo dia apanhando-me sozinha, entrei na sapataria e comprei as ditas sandálias.
Passearam os meus vestidos e com elas voei por todo o lado.
Nunca deram por isso: Não estavam interessados.
domingo, 8 de setembro de 2019
O armário desarrumado
Tenho sempre dito que a minha casa sou eu e é verdade.
Devo confessar que em mim cabe um armário.
Numa casa em que vivia havia uma despensa que quando se abria a porta, caía sempre um monte de roupa por passar, que durante semanas nunca deixava ver o conteúdo das prateleiras que supostamente estavam tapadas por essa cordilheira de roupa.
Sei que de vez em quando vislumbrava uma lata de leite Molico, que comprei um dia em que uma bruxa fez anunciar que iria haver um terramoto seguido de tsunami em Lisboa.
Como a minha filha era pequena pareceu-me que estaria bem comprar uma lata de leite em pó.
Essa lata permaneceu na despensa até eu um dia ter decidido deita-la fora após ter confirmado, que estava tão fora de prazo como o dito terramoto.
O grande segredo era que debaixo da roupa jaziam subterrados todos os meus segredos.
Um telemóvel que comprei às escondidas para falar com as minhas amigas.
Era um Motorola daqueles a que chamávamos um tijolo, contas velhas, extratos do banco da minha conta conjunta, que eu fazia desaparecer da caixa do correio porque cada extrato, cada discussão em
que eu participava com uma única frase: "Eu não sei o que isso é. Deves ter sido tu".
Não me perguntem porque é que eu não deitava fora as ditas cartas.
Sei lá. Devia pensar que esconde-las era mais honesto.
Vestidos que eu comprava com o dinheiro que o meu pai me dava em vez de o encaminhar para as batatas etc.
Como não ficamos sempre iguais, fui evoluindo e ganhando novas competências.
A roupa passou a estar sempre passada a ferro e eu tive que arranjar um armário.
Passei tudo para o meu armário do quarto.
Caos.
Ficou tudo em sacos plásticos.
Quando saía levava os sacos comigo e punha no porta bagagens.
Um dia a minha amiga Rosário com quem eu tinha "autorização para sair", quando batemos a porta de casa perguntou-me:
Há meses que cada vez que saímos vens com sacos plásticos atrás. O que é que trazes aí?
Dei uma resposta esfarrapada e a Rosário compreendeu que era melhor dar por encerrada a conversa.
Passaram 40 anos.
No outro dia ouvi a seguinte repreensão: Tens o armário todo desarrumado e andas sempre com sacos.
Sorri.
Entretanto fiz terapia mas nem o tempo nem o dinheiro deram para chegar à questão do armário.
Quando voltar talvez seja melhor começar por aqui.
Devo confessar que em mim cabe um armário.
Numa casa em que vivia havia uma despensa que quando se abria a porta, caía sempre um monte de roupa por passar, que durante semanas nunca deixava ver o conteúdo das prateleiras que supostamente estavam tapadas por essa cordilheira de roupa.
Sei que de vez em quando vislumbrava uma lata de leite Molico, que comprei um dia em que uma bruxa fez anunciar que iria haver um terramoto seguido de tsunami em Lisboa.
Como a minha filha era pequena pareceu-me que estaria bem comprar uma lata de leite em pó.
Essa lata permaneceu na despensa até eu um dia ter decidido deita-la fora após ter confirmado, que estava tão fora de prazo como o dito terramoto.
O grande segredo era que debaixo da roupa jaziam subterrados todos os meus segredos.
Um telemóvel que comprei às escondidas para falar com as minhas amigas.
Era um Motorola daqueles a que chamávamos um tijolo, contas velhas, extratos do banco da minha conta conjunta, que eu fazia desaparecer da caixa do correio porque cada extrato, cada discussão em
que eu participava com uma única frase: "Eu não sei o que isso é. Deves ter sido tu".
Não me perguntem porque é que eu não deitava fora as ditas cartas.
Sei lá. Devia pensar que esconde-las era mais honesto.
Vestidos que eu comprava com o dinheiro que o meu pai me dava em vez de o encaminhar para as batatas etc.
Como não ficamos sempre iguais, fui evoluindo e ganhando novas competências.
A roupa passou a estar sempre passada a ferro e eu tive que arranjar um armário.
Passei tudo para o meu armário do quarto.
Caos.
Ficou tudo em sacos plásticos.
Quando saía levava os sacos comigo e punha no porta bagagens.
Um dia a minha amiga Rosário com quem eu tinha "autorização para sair", quando batemos a porta de casa perguntou-me:
Há meses que cada vez que saímos vens com sacos plásticos atrás. O que é que trazes aí?
Dei uma resposta esfarrapada e a Rosário compreendeu que era melhor dar por encerrada a conversa.
Passaram 40 anos.
No outro dia ouvi a seguinte repreensão: Tens o armário todo desarrumado e andas sempre com sacos.
Sorri.
Entretanto fiz terapia mas nem o tempo nem o dinheiro deram para chegar à questão do armário.
Quando voltar talvez seja melhor começar por aqui.
Assinar:
Postagens (Atom)