segunda-feira, 4 de março de 2013
Dias chupa chupa
Tudo o que tenho partilhado até agora parece estar suspenso no tempo e no espaço, mas não, também existia uma rede que suportava qualquer queda inadvertida. Essa rede chamava-se "trabalho" ou melhor ainda "colegas e amigos".
O impossivel ou o pouco provável conseguiu acontecer. O meu cancro tornou-se uma festa (ou pelo menos assim tentámos).
Um dia choveram chupa chupas. Abri um dos armários de trabalho e tinha à minha frente um chupa chupa gigante cheinho de chupa chupas em forma de coração lá dentro. Durante a hora a seguir, a sala parecia um patio em dia de aniversário de crianças. Este foi o primeiro dia da romaria de dias em que o trabalho passou a ser conforme costumava dizer com todo o carinho, o meu laboratório.
Foi com eles que partilhei o meu primeiro corte de cabelo, o primeiro dia da peruca e também aquele sem ela. Tivemos medo juntos e recuperámos quando chegou a altura.
Hoje quando olho para trás reconheço alguns dias em que devem ter sofrido, dias em que duvidaram e dias em que acreditaram, mas tentando sempre manter a maior normalidade.
Se também houve dias lunares? Sim, houve dias em que tive que subir as escadas agarrada à parede, dias em que me fizeram bolos para me animar, dias em que a Catarina partilhou comigo algumas refeições e todo o carinho do mundo. Dela dependi durante meses. Não imagino esses dias sem todos aqueles que não vou mencionar porque sabem muito bem quem são e de quem eu gosto todos os dias.
Assinado: Coração lollipop!
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