: Press Life

O meu cancro e eu. Uma história partilhada.

Quando naquela noite saí de casa, levava malas suficientes que pareciam prometer mais um verão.
Preferi aquela hora a uma longa viagem debaixo de um calor quase de alucinação em que a percepção do real se torna um misto de miragem e de premonição.
Já tinha feito aquela estrada todos os verões anteriores.
Liguei os máximos porque me pareceu que naquela noite só eu tinha decidido viajar, e que o mundo tinha deixado um tapete de asfalto deserto no fim do qual encontraria por certo algo surpreendente.
Pareceu-me ver alguém ou alguma coisa no meio da estrada.
"Bem prega Frei Tomás". Parei!
Senti um ligeiro arrepio ao ver aproximar-se do carro um desconhecido.
Admitia que o seu lugar era em invernos profundos mas que mesmo assim seguiria viagem comigo.
Eu tinha duas escolhas, ou desatava a gritar e de certo
ninguém me ouviria ou deixava-o meter os sacos no carro e preparava-me para um longo caminho.
Escolhi deixá-lo entrar. Poderia ser que ganhasse um amigo ou
a promessa de uma aventura.
Apresentámo-nos:
-Gisele, para onde vai?
-Deixe-me ir consigo, vamos falando pelo caminho...

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

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