quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Todo o passado por um dia

Nesse dia cheguei a casa. Não estava ninguém. Sentei-me, puxei de um cigarro e deixei-me cair no sofá. Literalmente.
Como estar altura da coragem que o momento exige?.Coragem
Em relação aos tratamentos propostos a decisão já tinha sido tomada com o médico, não havia 2ª volta nestas eleições.
A questão era: Como criar uma espécie de barreira para que o que quer que viesse, pudesse doer o menos possivel.
Lembrei-me do que repeti tantas vezes: "Não tenho medo das quedas mas sim do impacto". Especializei-me em quedas livres. Free fall! Amortecer a queda.
Até aí parecia saber eu bem o caminho. Por qualquer razão, ou por incidentes passados, percebi que de alguma forma tinha pressentido este momento.
Tinha-me preparado. Até as minhas amizades pareciam terem sido também escolhidas como fontes de informação e de preparação. Estranho! Estarei para sempre grata pela sua companhia.
Teria que fazer uso de tudo aquilo em que até aí acreditara. A vida é uma lição. Chegou a altura do exame final. Trabalhar a partir de agora para que todos saibam o quanto gosto deles. Os outros existem para além do nosso cancro. Põe-te bonita! Tu não és o cancro.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um degrau na cidade




Era  mês de Julho. Final do dia. Aquela hora perigosa do final do dia. Uma faixa de tempo indefinido, em que não sabemos se ainda estamos ao abrigo do pôr-do-sol ou já protegidos pela noite.
Acabada de sair do hospital sentamo-nos num degrau de um predio antigo, eu e a minha amiga Rosario, e como que sem rumo vagueamos entre o surpreendente da notícia que tinhamos acabado de ouvir e a curiosidade de qualquer coisa já antecipada, tantas vezes já falada. Qualquer coisa que não estava bem. Tinha havido sinais, historias que ferem o corpo. Permitidas. Estava com um cancro.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

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