Tenho tido nos últimos tempos uma curiosidade, que de saudável não tem nada, quase "voyeurista", de ler alguns dos livros/testemunhos de pessoas que tenham vivido um processo oncológico.
Minto. Quase todos. Só que tenho que ler um de cada vez e ir alternando com outro tipo de literatura para que não apareça alguém com a corajosa ideia de dizer que é melhor eu voltar à psicóloga.
Fico sempre surpreendida com a necessidade que todos temos de comemorar este grande acontecimento que foi nosso privilégio viver. Estamos tão melhores que nunca, estamos mais felizes que nunca, quase que nos atrevemos a dizer que ainda bem que tivemos um cancro senão a nossa vida teria sido uma catástrofe e ainda por cima desinteressante.
Com todo o respeito, até porque eu já caí na tentação de pensar assim também, gostaria de dizer a todos aqueles que nunca tiveram um cancro, que podem ser pessoas maravilhosas sem nunca lhes ter caído o cabelo, incharem, terem enjoos noite e dia, e sem terem tido uma amena cavaqueira ou o prazer de uma tarde de Xadrez com a morte. Xeque-mate.
Mais ainda, que não invejem o protagonismo e a sabedoria com que brindam estes livros.
Tenho uma amiga que diz sempre que é melhor crescermos sem sofrer. Pode-se também aprender muito , transmitir felicidade e sermos imensamente sedutoras, e acima de tudo FORTES.
Á máxima :"O que não nos mata torna-nos mais fortes", não a tornem uma verdade universal.
Vã glória a de se sofrer!
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