sábado, 26 de abril de 2014

"O que não nos mata torna-nos mais fortes"


Tenho tido nos últimos tempos uma curiosidade, que de saudável não tem nada, quase "voyeurista", de ler alguns dos livros/testemunhos de pessoas que tenham vivido um processo oncológico.

Minto. Quase todos. Só que tenho que ler um de cada vez e ir alternando com outro tipo de literatura para que não apareça alguém com a corajosa ideia de dizer que é melhor eu voltar à psicóloga.

Fico sempre surpreendida com a necessidade que todos temos de comemorar este grande acontecimento que foi nosso privilégio viver. Estamos tão melhores que nunca, estamos  mais felizes que nunca, quase que nos atrevemos a dizer que ainda bem que tivemos um cancro senão a nossa vida teria sido uma catástrofe e ainda por cima desinteressante.

Com todo o respeito, até porque eu já caí na tentação de pensar assim também, gostaria de dizer a todos aqueles que nunca  tiveram um cancro, que podem ser pessoas maravilhosas sem nunca lhes ter caído o cabelo, incharem, terem enjoos noite e dia, e sem terem tido uma amena cavaqueira ou o prazer de uma tarde de Xadrez com a morte. Xeque-mate.

Mais ainda, que não invejem o protagonismo e a sabedoria com que  brindam estes livros.

Tenho uma amiga  que diz sempre que é  melhor crescermos sem sofrer. Pode-se também aprender muito , transmitir felicidade e sermos imensamente sedutoras, e acima de tudo FORTES.

Á máxima :"O que não nos mata torna-nos mais fortes", não a tornem uma verdade universal.

 Vã glória a de se sofrer!



 
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