quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Abençoadas!

Hoje estou zangada e com medo.
Hoje acordei e tive medo outra vez.
Se não disser tudo o me apetece fico ainda mais zangada e com mais medo.
A todos, que do alto da sua inteligência sempre afirmaram que se tudo se passasse com eles saberiam o exatamente o que fazer.
A todos   que não perceberam qual era afinal  o problema real.
A todos aqueles, que não se  deviam ter demitido de ajudar mas que cobardemente se ausentaram porque era obvia a solução e só eu é que não via.
A todos aqueles que se ausentaram porque não sabiam o que dizer nem o que fazer.
A todos os que agora dizem que não fizeram mais porque não deixamos.
A toda a minha família que eu não vi.
A todos esses espero que continuem felizes o seu caminho e que não me incomodem, porque estamos demasiado ocupadas a celebrar todos os dias passados, presentes e futuros e juntas a vencer cada dia, mesmo aqueles em que vencemos menos.
Até porque, até porque todos esses ainda  têm tido a cortesia de continuar a dizer que ainda não acabou.
A todos  quando descerem aos infernos espero que tenham por perto tantos dons como aqueles que nos  foram concedidos e que suavizaram o nosso caminho.
Tivemos pessoas maravilhosas por perto que fizeram da dor uma festa. (se não sabem como ,tivessem cá estado)
Que  amaram incondicionalmente quando nós não tínhamos nada para dar em troca.
Que acreditaram em nós.
Chegamos até aqui porque essas pessoas acreditaram que era  possível  e que em nenhum momento nos deixamos cair.
Fomos abençoadas por dádivas e amor sem fim. Ainda hoje fico surpreendida com as pessoas maravilhosas que nós somos.
A sorte  dá trabalho como dizem, tem caminhos que demoram anos a percorrer, escolhas que têm que ser feitas, saudades e sobretudo entrega total.
As duas e mais uma multidão de 4 ou 5 pessoas continuamos a seguir em frente.
Hoje acordei e tive medo outra vez.


( este texto foi escrito às vezes com as vírgulas fora do lugar)

Mariza - Chuva (Concerto em Lisboa)


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Mãe Minha!

Era eu muito pequenina quando a minha mãe me contou esta história. Veio a contar-me vezes sem conta. Foram as únicas vezes que a ouvi falar da Mãe e Senhora Minha Avó.
Sempre pensei que o filme África Minha era a história da vida da minha avó.
Mais, justificaria a minha não prisão a espaços físicos limitados e a minha acentuada facilidade de improvisação de "lares".
Foi coisa que me veio mais tarde a criar alguns conflitos.
Durante anos fui de férias para o Algarve. Os dez dias da praxe.
Conheci e passei férias em vários apartamentos ou casas alugadas.
No primeiro dia limpava a casa toda, trocava móveis, arrancava literalmente os "quadrinhos pirosos da parede" e fechava-os num armário. No último dia colocava tudo no lugar.
E fui repetindo este ritual todos os anos, deixando para trás muitas casas/lares.
Era de tal forma, que até chegava  a pensar que a qualquer momento poderia aparecer na caixa do correio uma carta em meu nome. Ou quem sabe, a conta da luz.
Tem sido a história da minha vida.
Ah! A história da minha avó!?
Vou só contar a parte que pode interessar, o resto da história conseguem imaginar.
Uma casa de sonho no meio do mato em África, com cortinas brancas a proteger dos mosquitos, uma varanda colonial e grandes e sólidos móveis de madeira em cima de um soalho também de madeira.
Viviam todos felizes.
Quando chegou a Àfrica, a minha avó só trazia com ela um grande mala de porão onde tinha guardadas "loiças de Limoges", o dom de improvisar um lar fazendo com as suas próprias mãos lindas cortinas e mesas aristocraticamente postas. (tudo isto tendo como pano de fundo histórias de príncipes e princesas que enfeitavam  as origens do meu avô).
Mãe Minha!

VEM COM TEMPO
















DA PROXIMA VEZ QUE VIERES TER COMIGO VEM COM TEMPO. A CONVERSA VAI SER BOA. VEM COM CALMA. DOU-TE DE ALMOÇAR. CADA PRATO CONTARÁ UMA HISTÓRIA. NÃO VENHAS COM MEDO. NÃO DIGAS A NINGUÉM QUE VENS PARA QUE ASSIM NINGUÉM TE ESPERE.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

quarta-feira, 23 de maio de 2018

terça-feira, 22 de maio de 2018

PRESS LIFE


Visualizar

Teria preferido que fosse num sussurro, que viesse disfarçado num campo de papoilas do Alentejo.

Pedes-me pela segunda vez.

Da primeira correu bem, da segunda foi uma despedida.

Gostava que tivesse chegado como que por engano. Como a carta do vizinho que vem parar à nossa caixa do correio.

Gostava que tivesse chegado escondido por trás de um quadro mesmo que falsificado. Demonstrava algum cuidado.

Essas mensagens só descobrimos muitos anos depois ou mesmo nunca, até que atirado para um canto o acaso o abrisse. Talvez não numa vida.

Uma vida é muito pouco para despedidas destas.








Serge Reggiani "Ma liberté"


sábado, 28 de abril de 2018

Metade

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.
Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 5 de março de 2018

domingo, 4 de março de 2018

A essência das coisas!

Press Life
 
Este Blog  foi um presente. Foi-me oferecido.  Recuso a ideia de alguém já ter recebido um Blog como presente.
 
 

Herberto Helder — LEVANTO as mãos e o vento levanta-se nelas.

 
Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas.
Rosas ascendem do coração trançado
das madeiras.
As caudas dos pavões como uma obra astronómica.
E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.
Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.
E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. Os olhos contra
as artes do fogo.
Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.
 
Helder, Herberto, Ofício Cantante, Lisboa: Assírio & Alvim 2009
 


Jogo das cadeiras

Meu caro,

A semana passada tive   oportunidade de o visitar mais uma vez em sua casa.
Não digo que tenha sido por convite, mas mais uma vez  por vontade minha e prazer  de o visitar sempre que possível.
Gostaria devo dizer, de um dia o ver sentado na minha sala onde teríamos de certeza uma conversa aprazível. Seria meu prazer oferecer-lhe uma chávena de chá tipo inglesa com um chá tipo inglês, pois como sabe esta historia do chá inglês tem andado mal contada.
No dia que o visitei não tive muito tempo para me arranjar cuidadosamente, limitando-me a ir "clean" como agora se ousa dizer.
Têm sido já algumas as entradas que tenho feito em sua casa.
Na continuidade das mesmas mantendo a "cerimonia" mas ganhando já algum espaço, tenho vindo a interrogar-me porque me sento sempre na mesma poltrona.
O seu lugar está reservado, mas diga-me caro amigo o que aconteceria se eu um dia entrasse e me sentasse na sua cadeira?
Pedia-me desculpa por aquela não ser opção e dar-me-ia outra a escolher?
Ou de facto não tenho ido elegantemente vestida ou será que não me enquadro noutro quadro.?!
Permita-me que lhe diga, que estou sempre confortavelmente sentada e que declinarei sempre o seu convite para outra instalação.
Entre outras imagens que tenho da minha infância ou coisa parecida, lembro-me do jogo das cadeiras.
Nas festinhas nunca queria jogar pois antecipava-me estatelada no meio do chão enquanto as mais "enquadradas" naquele quadro de festa teriam como que por direito e decreto uma cadeira.
Desde aí fico desconfiada porque é que aquele é o meu lugar e não outro, principalmente quando está escolhido antecipadamente e é da família das cadeiras.
Não lhe tomo mais tempo e não considere este meu desabafo como sendo uma falta de cortesia da minha parte à qualidade e alma dos nossos encontros.
Grata e bem-haja
E&T



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